Inovações que Transformam: O Futuro Eco-friendly dos Cimentos
No vasto cenário da construção civil, onde o cimento Portland é protagonista, não somente pelo seu grande uso, mas também pelo impacto ambiental de sua produção, surge uma necessidade crucial de redefinir nossa abordagem em prol do meio ambiente. Em 2019, o setor bateu recordes assustadores, contribuindo com 9,95 Gt de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, conforme o Relatório 2020 Global Status Report For Buildings And Construction. Para alcançar a meta de neutralidade climática até 2050, precisamos inovar e abraçar alternativas sustentáveis, como os materiais apresentados a seguir.
O Poder dos Materiais Cimentícios Suplementares (MCSs)
Uma alternativa promissora está no uso de Materiais Cimentícios Suplementares (MCSs) substituindo o clínquer, como o calcário e a argila calcinada. Enquanto as cinzas volantes e escória de alto forno, amplamente utilizadas, estão se tornando limitadas, o uso do calcário moído e da argila de baixa pureza calcinada oferecem uma solução sustentável. Juntos, formam o cimento conhecido internacionalmente como LC3 (Limestone Calcined Clay Cement), onde o fator clínquer é inferior a 50% da composição do cimento. Esta ação proporciona benefícios ambientais sem comprometer a qualidade do cimento produzido.
Cimentos álcali-ativados: Uma Revolução Sem Clínquer
Outra frente inovadora busca ligantes livres de clínquer, como os cimentos álcali-ativados (CAA). Compostos por precursores a base de aluminosilicatos amorfos e ativadores alcalinos, como hidróxidos e silicatos de sódio ou potássio, esses materiais abrem portas para a utilização de resíduos industriais ou coprodutos, como a escória de alto forno, a cinza volante ou argilas calcinadas, como precursores. Apesar de seu manuseio desafiador devido à presença de materiais corrosivos, os CAA encontram seu espaço em indústrias de pré-moldados.
Rumo a uma Construção Sustentável
Em tempos em que a urgência ambiental se torna cada vez mais evidente, a pesquisa e adoção de cimentos mais ambientalmente amigáveis como LC3 e os álcali-ativados não são apenas escolhas sensatas, mas imperativas. Ao abraçarmos essas tecnologias, não apenas moldamos um futuro mais verde para a construção civil, mas também contribuímos significativamente para a redução das emissões de CO2. A revolução dos cimentos está em nossas mãos, e é nosso dever garantir que o legado que deixamos seja de progresso, sustentabilidade e responsabilidade ambiental.
Matheus Henrique Gomes de Medeiros
Doutorando do Laboratório de Inovação em Cimentos Ecoficientes | UFRGS